sexta-feira, 29 de março de 2013

Para mim, o que representa o livro de Jeremias



Do final do mês de fevereiro e durante o mês de março li o livro do profeta Jeremias, da Bíblia Sagrada. Demorei para concluir porque não li sistematicamente todos os dias, mas concluí no dia 23 de março. Não sou teóloga, mas posso dar minhas considerações como cristã sobre a leitura do livro.

Por que ler Jeremias?

Não é um livro de fácil compreensão por alguns motivos. Uma das razões para que eu tivesse achado a leitura um pouco complicada é que Jeremias foi compilado não de maneira linear, digamos assim, mas foi composto “aos pedaços”. No hebraico, a ordem dos capítulos é diferente da ordem apresentada na Septuaginta, por exemplo. Podemos citar a questão das profecias pronunciadas na época de Zedequias, que começa no capítulo 37, termina no final do 39, mas retorna no último capítulo do livro, lá no 52. Mas é um livro profundíssimo em sua razão de existir e na maneira como foi escrito.

Em Jeremias eu vejo um Deus bom, misericordioso, um verdadeiro Pai que instrui seus filhos a andarem pelo caminho correto, prometendo bênçãos, mas também mostrando de antemão as consequências da desobediência. Neste livro vejo um Deus muito santo, que abomina sem piedade o pecado da idolatria. Sua adoração, Ele verdadeiramente não divide com mais ninguém. Jeremias me faz ver um Deus que chama o profeta para o sofrimento e para um trabalho específico, e que, ao mesmo tempo, seria uma atividade sempre direcionada por Deus e o Jeremias sempre muito protegido: Deus cuidou de sua vida, e ele sempre esteve em obediência ao Senhor. 

Em Jeremias eu vejo as consequências do falso arrependimento: “Apesar de tudo isso, não voltou de todo o coração para mim a sua falsa irmã Judá, mas fingidamente, diz o SENHOR” (Jr. 3.10).

Em Jeremias eu vejo um povo que teve um Deus paciente, mas que deu as costas a este Deus e ousadamente resolveu desafiá-lo descaradamente, afirmando que a “Rainha dos Céus” era a responsável por dar a provisão ao povo: “...queimaremos incenso à Rainha dos Céus e lhe ofereceremos libações, como nós, nossos pais, nossos reis e nossos príncipes...” (Jr. 44.17).

Vejo a ira de Deus contra seu povo: “Pois queimaste incenso e pecastes contra o SENHOR, não obedecestes à voz do SENHOR...” (Jr. 44.23). “...Eis que eu juro pelo meu grande nome, diz o SENHOR, que nunca mais será pronunciado o meu nome por boca de qualquer homem de Judá em toda terra do Egito, dizendo: Tão certo como vive o SENHOR Deus. Eis que velarei sobre eles para o mal e não para bem; todos os homens de Judá que estão na terra do Egito serão consumidos à espada e à fome, até que se acabe de todo” (Jr. 44.26-27).

Vejo um Deus que usa quem Ele quer para que seus desígnios sejam efetivados, seja através de pessoas convertidas ou não, seja por meio do seu povo escolhido ou de nações idólatras. Ele escolheu a Babilônia como instrumento de sua ira: “Tu, Babilônia, eras meu martelo e minhas armas de guerra; por meio de ti, despedacei nações e destruí reis” (Jr. 51.20). O mesmo Deus que condena a idolatria da Babilônia no tempo certo e a destrói. “Portanto, eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que castigarei as suas imagens de escultura; e gemerão os traspassados em toda a sua terra” (Jr. 51.52); “De Babilônia se ouvem gritos, e da terra dos caldeus, o ruído de grande destruição; porque o SENHOR destrói Babilônia e faz perecer nela a sua grande voz...” (Jr. 51.54-55a).

Vejo o Deus de Israel sendo justo, por sua Santidade, mas misericordioso com seu povo pecador: “Porque Judá e Israel não enviuvaram do seu Deus, do SENHOR dos Exércitos; mas a terra dos caldeus está cheia de culpas perante o Santo de Israel” (Jr. 51.5); “O SENHOR trouxe a nossa justiça à luz; vinde, e anunciemos em Sião a obra do SENHOR, nosso Deus” (Jr. 51.10).

Muitas são as passagens que me chamam atenção em Jeremias, mas algumas destaco:

  1. A escolha de Jeremias como profeta e sua reação ao chamado: Jr. 1.5-10.
  2. O arrependimento fingido de Judá: Jr. 3.10.
  3. As advertências do Senhor contra os falsos profetas: Jr. 5.30-31; 6.14-15; 23.16; 23.28-32.
  4. Deus não se compara a ídolos: Jr. 10.12-16.
  5. O pecado que cega Judá: Jr. 17.1-11.
  6. A adoração de Judá à Rainha dos Céus: Jr. 44.15-30.
  7. A bondade do Senhor em jamais dar às costas ao arrependido: Jr. 3.14-15; Jr. 29.11-14; Jr. 29.11-14.


Em suma, fazendo um resumão do livro, podemos dizer que em Jeremias observamos a exortação do Senhor dos Exércitos contra o pecado de Israel e Judá. Suas promessas com relação ao arrependimento. A insistência do seu povo em continuar na idolatria. O Deus irado contra seu próprio povo. O Senhor usando a Babilônia para destruir seu povo. O próprio Deus sarando seu povo e vingando-se contra a maldade e idolatria da Babilônia.

Caline Galvão