Ultimamente
tenho me deparado com algumas citações, depoimentos e vídeos na internet
defendendo a não inerrância bíblica. Como jornalista, posso dar meu depoimento
de como as falas dos entrevistados na grande maioria das vezes não são expostas
na matéria como de fato são ditas. É bastante raro redigirmos na íntegra o
depoimento dos entrevistados, já que a linguagem jornalística deve ser clara e culta,
porém acessível a todos. Por causa do regionalismo e do coloquialismo, é
impossível escrever nas matérias da mesma maneira que os entrevistados falam.
Da mesma forma, os redatores das Escrituras utilizaram processos comunicativos
diversos, tais como linguagem comum, linguagem rebuscada, arredondamento de
dados, localização geográfica aproximada.
Uma
coisa que aprendi desde o primário é que não devemos escrever da mesma forma
que falamos. Acredito que todos que escrevem conhecem perfeitamente essa regra.
É um princípio básico para a objetividade textual e compreensão literária. No
jornalismo não é diferente. Não que distorçamos os depoimentos, mas redigimos
utilizando a norma culta, com respeito à língua oficial, a fim de deixar o entendimento
mais claro possível aos leitores (mas também não sejamos inocentes neste
assunto, pois é óbvio que há tanto profissionais éticos, quanto também os
inescrupulosos que trabalham desonestamente, distorcendo falas, proporcionando
outro sentido ao relato concedido pelo entrevistado).
Da
mesma maneira que trabalhamos com rigor ético – pelo menos eu como profissional
assim o faço – cremos, pelas provas deixadas e pela fé, que a Bíblia é
inerrante em sua essência, em seu objetivo e em sua forma escrita porque foi redigida
e compilada pelas pessoas mais autorizadas para isto. É impossível termos
maiores provas que o “papel”, pois na época que em as Sagradas Escrituras foram
escritas não havia fotografia (arte que começou a ser inventada ainda na Antiguidade,
com a descoberta do princípio da câmara escura, e de fato consumada em 1822) e
não havia reprodução de áudio, pois o primeiro gravador de voz foi construído
em 1857 (era capaz de registrar sons, mas não de reproduzi-los), sendo
considerada a gravação mais antiga do mundo uma canção folclórica francesa,
datada de 1860. Não precisamos falar que não existiam televisão, nem gravação
de vídeo, pois seria um atentado à inteligência do leitor.
Assim
sendo, da mesma forma que um leitor de jornal impresso acredita nas entrevistas
inseridas nas notícias, nas reportagens e em alguns artigos, e confiam na
credibilidade de quem escreve (jornalistas), a Palavra de Deus foi escrita
pelas pessoas mais confiáveis para tal ação. Não posso deixar de esclarecer
quanto à existência dos incrédulos do jornalismo (eu me incluo muitas vezes
nesta lista), como também não podemos ignorar o grande e crescente contingente
de pessoas que não creem na veracidade das Escrituras.
Assim
sendo, vamos por partes. Primeiro, é necessário dizer que é impossível fazer
uma boa leitura de um jornal se não acreditarmos no compromisso ético do
jornalista para com a sociedade. Não é à toa que quando desconfiamos da
credibilidade dos editores de um jornal ou de um jornalista (empregado da
empresa), não damos a menor importância para os fatos relatados pelo periódico.
Da mesma forma, se não acreditamos na veracidade do compromisso dos autores
bíblicos para com Deus, tampouco acreditaremos na fidedignidade do conteúdo das
Sagradas Escrituras.
É
importante entender que crer ou não crer na inerrância bíblica é primeiramente
uma questão de fé. Mas a fé a que me refiro não é apenas uma fé cristã, mas uma
esperança de que aqueles escritos podem ser verdadeiros, sendo, portanto,
possível de serem estudados tanto por crentes quanto por descrentes. Entretanto,
se o estudante inicia de antemão com pressupostos darwinistas, por exemplo, é
absolutamente estúpido tentar estudar as Escrituras.
Da mesma
maneira, não recomendo que uma pessoa que não acredite na credibilidade do
Jornal Nacional, por exemplo, seja forçada a assisti-lo, pois de nada adiantaria,
sendo apenas perda de tempo. Se não há fé que no meio jornalístico não haja
jornais e jornalistas éticos, então fica impossível ler algum informativo. Respaldarei
meu pensamento na famosa frase de Martinho Lutero que uma vez disse: “é perigoso e errado agir contra a própria consciência”. Essa
consciência pode, como deve, ser levada a todas as esferas que compõem nossas
vidas, seja no âmbito religioso, doutrinário, social, econômico e político,
sendo nós ateus ou cristãos. O ser consciente é indubitavelmente um ser
crítico. Lutero foi um grande crítico da Igreja Católica. Ele, como a própria
História da Humanidade nos mostra, criticou e fez (lógico que não fez nada sozinho,
mas talvez por ter saído de dentro do catolicismo é que o considero o mais ousado
crítico da história da Reforma Protestante).
Um leitor inteligente, que não acredita na veracidade das
matérias de determinado jornal, sabe perfeitamente porque não crê. Um dos
principais motivos que levam um leitor a desacreditar de um jornal brasileiro é
o envolvimento direto ou indireto que os donos da empresa tenham com política. No
Cristianismo, a situação não é tão diferente. O que se ouve nos círculos
universitários e em meio a “cristãos” liberais é algo mais ou menos como: “Não
sabemos como surgiu o cânon bíblico”, “Como terei certeza que a Igreja Católica
não deturpou passagens bíblicas durante a Idade Média?”, “Por que uns livros
foram considerados sagrados e outros da mesma época não foram?”, “Por que em determinadas
passagens bíblicas os números são contraditórios?”.
Um bom pesquisador adentra fundo em uma pesquisa sem
nenhuma premissa. Cientistas que creem em Darwin e procuram saber mais sobre a
existência de Cristo muito provavelmente concluirão suas pesquisas afirmando
que Cristo não existe. Da mesma forma que um cientista de fé não analisa com
cuidado os dados que possui em suas mãos e, na ânsia de provar a existência de
Jesus, conclui suas pesquisas deixando vários espaços inconclusos, apenas
deixará o darwinista ainda mais satisfeito com a sua incredulidade por Cristo.
Acredito que da mesma maneira que precisamos conhecer a
ideologia de quem está por trás dos bastidores dos jornais, necessitamos saber
como as Escrituras foram compiladas e por quem foram escritas para acreditarmos
nelas. Não é pecado duvidar, o pecado surge quando afirmamos algo sem saber. O
pecado existe quando há dúvidas e, por medo de sermos taxados de “não-convertidos”
ou “lobo vestido de cordeiro”, fingimos acreditar no que não acreditamos, por
falta de conhecimento bíblico.
Outro
erro cruel que tenho percebido no meio da igreja é a atitude de alguns pastores
(de várias denominações) com relação às ovelhas que perguntam demais. Já olham
desconfiados, passam a desacreditar da fé das próprias ovelhas só porque elas
questionam. Essa atitude simplesmente afasta os fiéis e aumenta o contingente
de desigrejados. No meio científico sério, perguntas impulsionam pesquisas.
Pastores sérios também deveriam ser impulsionados pelas perguntas de suas
ovelhas a estudarem mais as Escrituras. Perdão pela minha sinceridade, mas, do
que serve um pastor que não sabe Bíblia? Entendo pelo Novo Testamento que os
pastores servem para doutrinar a igreja e apascentar o rebanho. Doutrinar significa
ensinar e ensino é um processo contínuo de perguntas e respostas. Creio que pastores
que se incomodam com perguntas são pastores que não possuem respostas. Ovelhas
que têm senso crítico não suportam pastores que não possuem respostas. Isso não
é falta de fé, nem falta de respeito, é apenas questão de lógica.
Para se compreender
a inerrância bíblica, primeiramente você deve estar disposto a analisar
cautelosamente a Palavra e, mesmo sendo ateu convicto, evitar colocar premissas
antes de iniciar o estudo. Da mesma maneira, um cristão convicto deve estudar
sem medo o grego e o hebraico e, mesmo tendo fé, não ter medo de duvidar e
investigar até alcançar respostas. Há bons livros de Teologia Sistemática,
Teologia Bíblica, Grego e História da Igreja que auxiliarão o estudante nesta
jornada. Boas dicas de Teologia Sistemática são as de Wayne Grudem (editora
Vida Nova) e a de Franklin Ferreira e Alan Myatt (também editora Vida Nova).
Antes de ir direto aos livros, como bom crítico, investigue os seus autores e a
linha editorial da editora. Antes de acreditar em vídeos ou artigos de internet,
faça um bom estudo, tire suas dúvidas e tenha uma boa descoberta quanto à
inerrância bíblica.
Caline Galvão
Caline Galvão
Eita, voltou. Rsrs
ResponderExcluirTo tentando... ;)
ResponderExcluir